No município de Juazeiro do Norte, mais de 150 famílias estão lutando por moradia digna. Cleiton Neto, da coordenação estadual do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) informa que essa luta já dura dois anos. De acordo com ele, desde o início de 2018, a luta tem como perspectiva aplicar uma ementa parlamentar articulada na Assembleia Legislativa do Ceará que destinaria R$500 mil reais para execução de moradia popular no município de Juazeiro do Norte, mas que ainda não foi executado. “Nesse tempo, nós fomos construindo algumas alternativas para serem propostas à prefeitura daqui e uma delas era a construção de um projeto de lote urbanizado onde a prefeitura entraria com assistência técnica e o terreno e nós, enquanto movimento, sociedade civil e articulação política com os deputados estaduais e federais iria conseguir material para construção de moradia popular em regime de mutirão”. Só que, segundo Cleiton, a prefeitura não comprou a ideia, mas mesmo assim conseguiram construir uma comissão mista para que pudesse avançar esse projeto.
Cleiton informa que no final do ano passado, no dia 31 de dezembro, a prefeitura, por pressão dos movimentos populares que fazem o debate da moradia, sancionou uma lei de doação de três áreas públicas da prefeitura, uma de 63 mil metros quadrados, outra de 17 mil m², e outra de 30 mil m². “Essas três áreas seriam a fim de construção de habitação popular. Nós conseguimos um topógrafo, fizemos um mapeamento, começamos a construir um método, o passo a passo de como a moradia pela luta”.
Dessas três áreas destinadas para a construção de habitação popular, Cleiton afirma que a de 63 mil m² foi ocupada por um pessoal “avulso” e que já estão, inclusive, cercando esse terreno. “Nesse espaço de 63 mil m², que compreende 10 quadras, e como já está em construção só restou a área do campo, que é um campo de futebol da própria comunidade. E nós iríamos ocupar lá domingo passado (27/09), só que a prefeitura chegou lá e pediu para que não começasse a construir, queria fazer negociação e nós demos um prazo até sexta-feira (02) para negociar, só que não avançou e aí no sábado (03) mesmo nós optamos em não ocupar o campo e fomos para outra área da prefeitura, que essa não foi doada mas que é terreno da prefeitura, é área verde”.
As famílias estão realizando trabalhos de construção no terreno, que fica no bairro do Campo Alegre. Cleiton explica que no cadastro para moradia popular, estão cadastradas 150 famílias, mas que nem todas podem estar presentes diariamente para trabalhar no local da ocupação. Cleiton afirma que, atualmente, quarenta famílias estão diariamente se revezando nos trabalhos no local.
Novo episódio
Cleiton afirma que três homens apareceram no último dia 13 num carro gol preto e um deles estava armado, tentando intimidar com uma arma de fogo na cintura. De acordo com Cleiton, ele alegava ser um policial e dizia que estava só esperando o dono do terreno vir para tirar as pessoas do local. “A gente foi pra cima dele, dizendo que lá não tinha nenhum bandido, que ele não podia tá armado lá, que nós erámos um movimento organizado, um movimento nacional, etc... etc... e aí ele foi embora. Mas isso conseguimos resolver, como também conseguimos contornar a situação do terreno em si, que um desses donos, que se diz dono de uma área verde, conversamos com ele e ele abriu mão desse terreno. Disse que não ia mais disputar”.
A ação por luta por moraria está sendo feita pelo Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Levante Popular da Juventude e Consulta Popular.
Edição: Monyse Ravena