O aumento de preços dos produtos da cesta básica tem afetado a população no Ceará. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), dos 12 produtos pesquisados pelo Departamento em Fortaleza, oito ficaram mais caros, entre eles arroz, feijão e carne puxaram o índice de preço para cima.
Para o economista e supervisor técnico do Dieese no Ceará, Reginaldo Aguiar a comida está puxando para cima a inflação, e tem afetado o poder de consumo dos mais pobres, “como o peso da despesa de alimentação para a população de baixa renda é relativamente maior, ou seja, uma pessoa pobre gasta mais com alimentação que uma pessoa rica, se exatamente esses itens sobem mais, notoriamente essa população que está mais em risco por ter menos renda será mais penalizada”. A inflação também incidiu sob os produtos de higiene e habitação durante a pandemia.
Morador de Fortaleza, o professor João Pedro Lopes tem sentido o aumento do preço dos alimentos quando vai às compras, “meu salário é bem apertado, quando eu cheguei no supermercado e o valor do arroz estava de R$4,95 eu quase chorei, esse mês eu não comprei arroz”. Segundo João Pedro as idas ao supermercado têm impactado muito o seu orçamento, “eu estou vendendo meus livros, meu violino, vendendo várias coisas porque meu dinheiro não está dando, está muito complicado essa situação com o aumento do preço do arroz, feijão, do óleo”, relatou.
Durante o período da pandemia, de abril a agosto, os principais produtos que integram a cesta básica tiveram um aumento significativo em Fortaleza, a carne teve um aumento de 17,75%, o feijão 16,06, o arroz 24,61%, e o óleo 18,82%, como a alimentação consome parte considerável do orçamento dos mais pobres, tem-se uma impressão que o salário foi reduzido.
Segundo Reginaldo Aguiar, o aumento de preços dos alimentos, apesar de estar acontecendo nacionalmente, tem um efeito ainda pior no Ceará, os baixos salários, alto índice de trabalhadores informais, sem carteira assinada e o mercado de trabalho extremamente precarizado fazem com que esse momento de instabilidade seja pior no estado. “ Além de sofrer com a precariedade do mercado de trabalho, você acaba sofrendo também porque a despesa básica de alimentação se eleva significativamente em um período que a renda cai, mais gente está em casa sem trabalhar, o caso cearense é duplamente ou triplamente mais afetado do que outras regiões”, afirmou Reginaldo.
Lúcia Silva, funcionária pública, afirma que é visível o aumento do preço dos alimentos, e que há produtos que tiveram uma elevação de 40% em 15 dias, “tem um peso muito grande no orçamento, nós não temos aumento salarial mensais, quando você se programa para uma despesa e ela altera, você vai precisar reprogramar alguma outra despesa sua. A esperança é que se tenha algum controle sobre os preços, do contrário, a gente não sabe como vai ficar a questão alimentação”. A professora Natália Aguiar tem reduzido o consumo de carne e procurado as lojas que oferecem promoção, “ o valor que a gente destinava por mês para fazer as compras não é mais suficiente, a gente só consegue comprar o básico. Diminuímos muito o consumo de carne, as vezes a gente precisa tirar o dinheiro de outras necessidades para garantir a feira do mês”.
Edição: Monyse Ravena