O Ceará está listado entre os estados com maiores índices de violência no Brasil, por sua vez, Fortaleza é a capital mais violenta do país, esses são os dados do Atlas da Violência, organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Isso justifica que a segurança pública seja um dos principais temas nas eleições municipais, e com ela um número cada vez maior de policiais se lançam à disputa de cargos eletivos.
Em Fortaleza, o policial militar da reserva, Deputado Federal e pré-candidato a prefeito pelo Partido Republicano da Ordem Social (Pros) Capitão Wagner, é um dos nomes que integram a lista dos agentes de segurança pública que irão disputar as eleições em 2020, seu nome emergiu à cena política após o motim da Polícia Militar em 2011, ainda há outros que tentarão a vaga para a Câmara Municipal. Para o professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) Luiz Fábio Paiva nos últimos anos há um crescimento no número de militares que têm interferido na política e isso têm gerado- consequências, “ há a evolução de um discurso autoritário que tem pouco efeito no campo das políticas públicas, mas um efeito muito grande na construção de personagens políticos com alto rendimento eleitoral. Em geral esses grupos de políticos profissionais oriundos dessas categorias têm feito praticamente nada pela população em geral, mas têm sido muito úteis para defender interesses corporativos”.
Atualmente, na Câmara de Vereadores de Fortaleza, cinco parlamentares são advindos de corporações ligadas a segurança pública, o Sargento Reginauro (Pros) do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, o Policial Federal Odécio Carneiro (SD), Márcio Cruz (PSD) da Guarda Municipal de Fortaleza, Julierme Sena (Pros) e Paulo Martins (PDT) são ligados à Policial Civil. Para as eleições de 2020 é esperado um número ainda maior de candidatos provenientes das corporações da segurança pública, mas a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social ainda não divulgou o total de policiais que pediram afastamento até agora para concorrer às eleições municipais.
Para Luiz Paiva atualmente várias ações organizadas da polícias estão marcadas pela questão dos processos eleitorais, segundo o professor, os policiais se comportam como se fossem, de alguma forma, os guardiões do conservadorismo, “esses policiais, isso é muito interessante, muitos deles são aposentados e capturaram essa ideia para si, tomaram como se esses eles fossem representantes disso e isso tem fornecido a eles duas coisas muito importantes, o sucesso eleitoral e sucesso corporativo, existe em quase todos estados uma pressão para o aumento das remunerações”.
Os policiais, por não poderem participar de partidos políticos, têm uma forma de registro diferenciada. Para aqueles da ativa e que têm menos de 10 anos de serviços prestados deverá ser afastado definitivamente, sendo desligado da organização a que pertence, se ele tiver mais de 10 anos poderá voltar as funções normais, caso perca a disputa. Além disso os nomes devem ser apresentados diretamente na convenção partidária, proibindo que sejam pré-candidatos caso já não ocupem um mandato.
Edição: Monyse Ravena