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Crise

Ceará perdeu, no primeiro semestre, mais de 40 mil postos de trabalho

Segundo especialista, a pandemia acelerou um processo que já estava em andamento

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Ceará perdeu 41,5 postos de trabalho formais esse ano - Eliseu Dias

Segundo a última pesquisa da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação no Ceará é de 12,1%, se comparada ao último trimestre de 2019, houve um crescimento de 2% na taxa de pessoas desempregadas no estado. Com um total de 496 mil pessoas à procura de emprego e sem sucesso, o Ceará perdeu, no primeiro semestre, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) 41,5 mil postos de trabalhos formais.

Segundo Reginaldo Aguiar, economista e superintendente regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pandemia de coronavírus acelerou um processo que já estava acontecendo, ele relata que o país já enfrentava uma crise econômica, “ no ano passado o país cresceu 1%, para esse ano estavam falando de um crescimento de 2%, mas no primeiro trimestre já houve queda no Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa para o segundo trimestre é de queda acima de 10% e para o ano, uma retração entre 6%, que é a expectativa do Banco Central, e alguns especialistas falam em queda de até 11% no PIB”.

Reginaldo explica que, o Ceará tem a menor taxa de desemprego do Nordeste e uma média menor que a do Brasil pela qualidade do emprego ofertado no estado, com maior número de trabalhadores sem carteira, por exemplo, e que as pessoas nessas condições de trabalho foram impactadas negativamente pela pandemia, “a pessoa que vendia churrasquinho na porta, vendia caneta no ônibus está sem sua renda”. O Ceará é o quarto estado com a pior média de rendimento efetivamente recebido por trabalho das pessoas ocupadas, com uma média de R$1.376. 

A estudante de Educação Física Thalita da Silva Vaz teve seu estágio remunerado suspenso em uma escola devido à pandemia de coronavírus, “a gente chegou a receber por metade do mês de março, depois recebemos um comunicado da escola e do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) informando que iriam suspender todos os contratos e só os retomariam quando a pandemia terminasse. Inclusive já tiveram professores demitidos na escola”. 

Segundo Thalita houve uma movimentação através da União Nacional de Estudantes (UNE) para que as empresas e escolas mantivessem os estágios, mas a demanda não foi atendida pelos empresários, o que deixou vários estagiários desassistidos, “eu já pensei em ir atrás de algum emprego informal, até já busquei me inscrever nesses aplicativos de entrega de comida para conseguir fazer uma renda e continuar pagando minhas contas”.     
 

Outro dado que a pesquisa Pnad-contínua dedicada ao estudo do impacto da covid-19 no Brasil mostrou é que, no Ceará, 58,3% dos domicílios receberam auxílio emergencial no mês de junho, representando aproximadamente 1,74 milhões de domicílios, com uma média de rendimento proveniente do auxílio de R$ 936. 
 

Edição: Monyse Ravena