No bairro do Oitão Preto, periferia de Fortaleza, diversos grupos se reuniram para dar suporte à população em situação de rua. A iniciativa que já existia, se intensificou durante a pandemia de coronavírus, já são mais de três meses de atuação com enfoque na amenização dos efeitos da pandemia. Cabines para banho e higienização das mãos, assistência e educação e saúde, distribuição de alimentação e kits de limpeza, são algumas das ações que a rede de cuidados faz no dia-a-dia da comunidade.
De acordo com Rafaela de Souza, integrante da Rede Nacional de Médicos Populares, “com a chegada da pandemia, ficamos refletindo, como as pessoas vão lavar as mãos, usar máscaras, ficar em casa, se essas pessoas não têm casa, se estão na rua. As ações são bem amplas, porque as necessidades dessa população são muitas e complexas. A Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares entra na rede com assistência e educação em saúde”. Os atendimentos acontecem todas terças, quintas e sábados em uma sala que fica na Associação Maria Mãe da Vida, onde é ofertado os banhos, roupas limpas e comida. “Há todo um trabalho de rede, vários coletivos pensando esse lugar e fornecendo o que deveria ser dever do Estado. Estamos fazendo, mas isso é direito das pessoas que estão na rua”, afirma Rafaela.
Segundo o morador do bairro e integrante do coletivo Raízes da Periferia Michel Angelo da Silva, no começo não havia muito apoio para a realização das ações, a comunidade não entendia o sentido do trabalho, “há uma demanda muito grande para com as pessoas que estão fazendo o uso abusivo de drogas, seja aqueles que estão na pré-adolescência ou na terceira idade”, afirmou Michel. No projeto que está em funcionamento no Oitão Preto há também um trabalho de redução de danos com os usuários de drogas e suporte psicológico para as pessoas em situação de rua.
Na casa cedida pela Associação Maria Mãe da Vida é disponibilizado espaços para banho, que se tem acesso a roupas limpas e alimentação, além do atendimento médico e psicológico, é onde encontram afeto, afirma Michel, “primeiro tomam um banho, se houver necessidade vai para o atendimento médico ou psicológico, e depois vai se alimentar. Estamos criando um fluxo, para que não seja só a parte assistencial da coisa, mas uma rede que disponibilize além dos serviços, muito afeto para as pessoas, para sentirem que há pessoas que lutem por elas, lutem pelos direitos de acessibilidade e igualdade”, finaliza.
Além da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares e do Coletivo Raízes da Periferia, participam das ações com as pessoas em situação de rua no Oitão Preto, o Coletivo Arruaça, Instituto Compartilha, Projeto Brincando com Terceira Idade, Moradores do Oitão Preto.
Edição: Monyse Ravena