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Manifestações

No Ceará, manifestação contra o racismo sofre repressão pela Polícia Militar

Segundo nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, ao todo, sete pessoas foram autuadas

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Manifestantes falam que havia um número desproporcional de policiais - Jenyfer

A manifestação contra o racismo, o fascismo e contrária ao Presidente Jair Bolsonaro (sem partido), marcada para este domingo (7) na Praça Portugal, em Fortaleza, teve seu início impedido, no local combinado, por forte aparato policial. Segundo nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ao todo, sete pessoas foram autuadas, sendo cinco por “suspeitas de descumprirem determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa, prevista no artigo 268, do Código Penal Brasileiro, e participarem de aglomerações na região. ” 

A advogada da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Ceará, Leila Paiva, esteve presente na manifestação e relatou que havia um aparato repressor desproporcional na Praça Portugal, helicóptero, ônibus, várias viaturas e um contingente de policial muito maior que o número de manifestantes reunidos. Segundo a advogada, todas as precauções de distanciamento social foram tomadas, “todos os manifestantes estavam com máscaras, levavam duas para fazer a troca no horário correto, respeitavam a distância recomendada pelos organismos de saúde”. Ainda de acordo com Leila, mesmo sendo um ato pacífico e recebendo apoio da população do entorno, a polícia avançou contra os manifestantes, empurrando-os uns contra os outros, fazendo com que se aglomerassem. Ainda assim, não houve violência por parte de quem protestava.

Em nota a Central Única dos Trabalhadores do Ceará (CUT CE), se solidariza com os manifestantes, “A CUT reafirma o seu compromisso em defesa do direito à livre manifestação e expressão. Para nós, o direito ao protesto popular é uma das conquistas democráticas mais importantes da história recente do Brasil (...) repudiamos com veemência a repressão da Polícia Militar do Estado do Ceará contra os manifestantes que ocuparam um trecho da Avenida Desembargador Moreira para se manifestar de forma pacífica”. Ao fim, a Central Sindical exige que o Governo do Estado apure a ação da Polícia Militar e tome as devidas providências.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) que participou do ato com o intuito de distribuir quatro mil máscaras de tecido para os participantes afirma, em nota de repúdio à repressão da polícia, “A despeito do caráter pacífico dos atos realizados em nossa capital, houve a mobilização de uma megaoperação das forças policiais do Ceará, envolvendo destacamentos especiais, helicópteros, viaturas e dezenas de homens armados numa ação de evidente intimidação e cerceamento das liberdades democráticas.  Foram realizados injustificados cercos aos manifestantes com abordagens truculentas e indiscriminadas, além de detenções flagrantemente arbitrárias, numa ação absurda e desproporcional. ”

Edição: Monyse Ravena