Ceará

Denúncia

Documentário mostra como vivem comunidades próximas à mineradora no sertão cearense

A produção explora a contradição entre o território camponês e a indústria mineral

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
O documentário tem como principal objetivo fazer com que a voz da população camponesa do território possa chegar mais longe - Erivan Silva

Durante o período de quarentena, o Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) vem realizando em seu facebook o Cine Crítica Mineral, com exibição de documentários realizados pela instituição nos locais e comunidades onde atua. De acordo com Erivan Silva, da Coordenação Nacional do MAM, a iniciativa tem como objetivo difundir os conflitos entre os territórios e a mineração, demonstrando a resistência e as vitórias que o povo vem conquistando a partir das lutas. “Fazer com o que tema da mineração possa ser conhecido a partir de uma visão crítica dos movimentos sociais e territórios que estão na luta contra o capital mineral e em defesa dos bens comuns”. 

Um dos documentários exibidos foi o “Sertão do Inhamuns: Mineração e Destruição”, produzido pelo MAM no segundo semestre de 2017 e lançado no dia 22 de dezembro do mesmo ano. Erivan explica que o documentário, que tem duração de 17 minutos, explora a contradição entre o território camponês e a indústria mineral e retrata como essa indústria invade territórios e se utiliza do argumento do desenvolvimento e progresso para justificar uma atividade destruidora e apresenta a realidade de povo camponês que mora nas comunidades Badarro e Besouro, no município de Quiterianópolis, interior do Ceará, que convivem diariamente com a empresa Globest Participações Ltda.

Para ele, o documentário tem como principal objetivo fazer com que a voz da população camponesa do território possa chegar mais longe e, assim, denunciar e sensibilizar toda sociedade sobre os malefícios da mineração de ferro em Quiterianópolis e o que poderá vir a ser em outros territórios.

Manoel Luiz Sobral do Nascimento, morador da comunidade de Bandarro, em Quiterianópolis é um dos personagens que relatam a convivência diária com a mineradora no vídeo. Em uma de suas falas, ele diz que “Para os moradores da comunidade, a chegada da mineradora não trouxe benefício nenhum. Apenas prejuízo pra saúde”. 

Francisco Romário Silva de Macedo, da Pastoral da Juventude Rural (PJR) também tem participação no vídeo, e aproveita para lembrar que a população da sua comunidade vive em uma região semiárida onde tem dificuldade de conseguir água, mas informa que a mineradora não tem essa mesma dificuldade. “A mineradora Globest tira de nossos mananciais 300 mil litros de água por dia. A comunidade de Bandarro não tem água encanada para ajudar e contribuir na luta do dia a dia e também temos dificuldades de encontrar água nos nossos mananciais para questão de produção e criação de pequenos mananciais”.

Cine Crítico Mineral

O Cine Crítico Mineral acontece as quartas-feiras e sábados, sempre a partir das 15h no facebook do MAM e no canal do youtube .

A ideia central da ação, de acordo com Erivan, é a batalha das ideias entre o modelo de mineração, todavia vigente, e os territórios que estão em conflitos com o capital mineral. “O Cine traz, para além da informação do que se passa no interior dos territórios onde a mineração está acontecendo, a formação de um pensamento crítico para a militância do MAM, os territórios e para toda sociedade. O termo ‘crítico’ é sinalizado como uma outra versão dos fatos para entender a mineração, bem como para desmistificar a narrativa do progresso e desenvolvimento da mineração”. 
 

Edição: Monyse Ravena