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MST Ceará completa 31 anos de lutas e conquistas pela reforma agrária no estado

Para celebrar a data, a ação “Cartas ao Movimento” reuniu cartas sobre a importância do MST no estado

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Hoje, 25 de maio, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Ceará completa 31 anos. - Foto: MST

Hoje, 25 de maio, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Ceará completa 31 anos. A data de comemoração faz referência à primeira ocupação organizada pelo MST no estado que acontece nessa mesma data, em 1989, e contou com aproximadamente 450 famílias vindas dos municípios de Madalena, Quixeramobim, Boa Viagem e Canindé. A ocupação aconteceu na antiga fazenda Reunidas de São Joaquim, que possuía uma área de 22.992 hectares de terra, localizada nos municípios de Madalena, Quixeramobim e Boa Viagem. Hoje, batizada como assentamento 25 de Maio, o local é considerado o berço do MST no Ceará.

De acordo com Kelha Lima, da Direção Nacional do MST, o movimento chega no Ceará em um período marcado pelo o poderio do latifúndio, do coronelismo que tinham poder sobre a vida das pessoas. “O MST é a possibilidade de romper com esse poder, tendo importante papel no avanço da luta pela terra e por direitos no Ceará”, afirma.

Buscando na memória as ações que mais marcaram a história do movimento no Ceará, Kelha Lima destaca algumas iniciativas. “As lembranças são muitas mas quero destacar aqui a primeira mobilização estadual em dezembro de 1997 onde teve o cerco da Bezerra de Menezes; a ocupação da fazenda Ladeira em Quixeramobim e o despejo na Fazenda Guanabara”.

José Ricardo, da Direção Estadual do MST Ceará informa que o MST, atualmente está organizado em mais de 68 municípios. De acordo com ele, o movimento trabalha com aproximadamente 10 mil famílias espalhadas nos assentamentos e acampamentos e nas comunas urbanas. “A gente tem praticamente 30 acampamentos, seis comunas urbanas e algo em torno de 260 assentamentos que a gente organiza, acompanha, tem referências em nossas tarefas. A gente tem 17 brigadas organizativas, a partir da nossa forma territorial de se organizar, nas diversas regiões do estado. Praticamente em todo o estado do Ceará”.

Além disso, De acordo com dados divulgados no site do MST, dentro das ações desenvolvidas no movimento ainda consta a construção de escolas do campo nos assentamentos, que oferecem desde o ensino básico ao médio, além de cursos formais nas universidades, transporte escolar, projetos produtivos, agroindústrias, cooperativas, rádios comunitárias, acesso a crédito, moradia de qualidade, atendimento médico, entre outras conquistas.

José Ricardo afirma que O movimento tem três grandes objetivos que são: O objetivo da luta pela terra, o objetivo da reforma agrária e o objetivo da transformação social.

Celebração

Para celebrar a história do movimento no estado, o setor de Juventude do MST realizou uma ação com o título “Cartas ao Movimento”, que reuniu cartas de assentados que falam um pouco sobre a história e a importância do movimento no Ceará e em suas vidas. De acordo com Luz Marin, da direção estadual do setor de Juventude do MST, a ideia da iniciativa veio a partir do momento em que todos vivenciam a quarentena como forma de envolver o conjunto da base, mas, principalmente, da juventude na produção de cartas de amor ao MST. “As cartas eram uma forma da gente comemorar esses 31 anos do MST no Ceará e, ao mesmo tempo, rememorar a nossa trajetória enquanto militantes, enquanto assentados e assentadas da reforma agrária”.

“A partir da minha convivência com o MST passei a olhar a vida para além de mim, comecei a me incomodar com as injustiças na sociedade de classes, em que se apresenta o crescimento da desigualdade, do preconceito, do racismo, da LGBTfobia, de feminicídio, do genocídio...”, diz um trecho da carta enviada pela Alciene, do assentamento Borgado, no município de Monsenhor Tabosa.

“Nossa gratidão e amor ao movimentos pelos seus 31 anos no Ceará, de muitas lutas, resistência e conquistas do povo sem terra. Vamos continuar organizados e lutando pelo nossos direitos e combatendo toda forma de exploração, discriminação e injustiça”, trecho da carta enviada por José Antônio Norberto de Carvalho, do assentamento 10 de abril, no Crato.

Edição: Monyse Ravena