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Coronavírus

Editorial | A crise gerada pelo coronavírus afeta mais a vida das mulheres

A sobrecarga de trabalho doméstico, a exposição à violência e instabilidade econômica são fatores agravados pela crise

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados em 2019, comprovam que as mulheres dedicam em média 18,5 horas semanais aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas. - Foto: Divulgação / PMF

A crise sanitária provocada pelo covid-19 chegou ao Brasil e tem atingido fortemente as mulheres. A mais exigida medida de contenção, considerada eficaz no combate à pandemia, o isolamento social, tem obrigado famílias a ficarem confinadas em suas casas.

Se por um lado essa medida reduz consideravelmente os riscos de contrair a doença, por outro, tem impactado do ponto de vista social a vida da população, sobretudo a das mulheres, deixando-as ainda mais sobrecarregadas com as tarefas de casa e vulneráveis aos riscos de contaminação, uma vez que, segundo a ONU Mulheres, elas representam 70% das pessoas que trabalham no setor social e de saúde e são três vezes mais responsáveis pelos cuidados não-remunerados em casa do que os homens.

Mesmo quando trabalham fora, são as mulheres que realizam a maior parte do trabalho doméstico. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados em 2019, comprovam que as mulheres dedicam em média 18,5 horas semanais aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas, na comparação com 10,3 horas semanais gastas nessas atividades pelos homens.

Além disso, elas são a maioria em algumas das categorias profissionais economicamente mais vulneráveis aos efeitos do coronavirus, como faxineiras, diaristas, trabalhadoras do setor informal, etc. No sistema de saúde, são as que estão na linha de frente dos cuidados prestados aos infectados pelo vírus, já que é ampla maioria na área de enfermagem. Há também a situação das mães, chefes de famílias, que no Brasil são cerca de 11 milhões, que não têm com quem dividir o trabalho, bem como as responsabilidades financeiras dentro de casa.

Outro importante fator a considerar, sob tensão do isolamento e quarentena, enfrentado pelas mulheres dentro de suas casas é a violência. Já há registros de aumento de casos de violência doméstica. Só na justiça estadual do Rio de Janeiro esse aumento foi de 50%.

Vale ressaltar a importância de medidas sociais criadas já pelos governos que têm diminuído bastantes os efeitos dessa crise no meio familiar, como por exemplo: auxílio emergencial contemplando trabalhadoras e chefes de famílias, pagamento e isenção das contas de água e luz e a permanência de programais sociais.
 

Edição: Monyse Ravena