Todo dia 31 de março é dia de memória. Falar sobre o 1° de abril e o início do Golpe Militar de 1964 no Brasil e sobre todos os seus desdobramentos é um trabalho constante de ativamento da memória. Não por acaso o surgimento do projeto Memórias Reveladas, a Comissão Nacional da Verdade e a tardia, mas importante, disponibilização e acesso de parte dos arquivos da Ditadura Militar. Com o slogan “Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”, o projeto Memórias Reveladas foi, e seu site ainda é, uma referência nas pesquisas, nos estudos para a memória e para a história da repressão militar no Brasil.
Entendendo a relevância de manter essa memória viva, escolhi dois livros significativos e elucidativos sobre esse período da história do Brasil. “1964: História do Regime Militar Brasileiro”, do historiador Marcos Napolitano. O livro tem muitos méritos, desde a leitura fluida conhecida do autor, até a iniciativa de localizar e contextualizar historicamente o cenário pré-golpe no Brasil, o perfil econômico e cultural do período, a abertura política, finaliza dando destaque a importância da memória que está sendo deixada sobre o Regime Militar Brasileiro. O que entrará para a história por meio da memória?
Outro livro relevante e que nos aproxima da história recente de Fortaleza é o livro “Memórias de Luta: Ritos políticos do movimento estudantil universitário”, de Edmilson Alves Maia Jr. É um livro de falas, seja do autor que sabe construir um discurso coeso e agradável, seja de suas fontes, que ainda se mostram vivas e presentes. A obra narra momentos tênues e complexos do movimento estudantil de Fortaleza desde antes do Golpe até 1969, um ano após o Ato Institucional n°5 que conseguiu sufocar e agonizar o movimento estudantil tal como era, pois qualquer organização política passou a ser proibida, era preciso se reinventar.
Seja com Napolitano, seja com Maia Jr., o que iremos ver é a dedicação e o esforço de manter viva a história e a memória desse momento marcante do Brasil. Leituras fluidas, agradáveis e acessíveis. Com pitadas de ternura, música e poesia.
*Historiadora do Observatório de Fortaleza e Mestra em História e Culturas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece)
Edição: Monyse Ravena