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Artigo | Em meio à crise mundial é preciso falar das empregadas domésticas

Em meio à pandemia, empregadas domésticas tem que escolher entre seus empregos, sua vida e de suas famílias

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
No contexto atual de saúde pública, em meio a pandemia do coronavírus, essas mulheres são colocadas na condição de escolher entre seus empregos, sua vida e de suas famílias. - Foto: Divulgação / Funtrab-MS

Em meio à crise mundial causada pelo coronavírus é preciso falar das empregadas domésticas. Mães, avós, filhas, tias essas mulheres que em sua maioria são arrimo de suas famílias e que vivenciam o caos e a invisibilização dos seus direitos e de suas vidas.

Como sabido as mulheres negras foram destinadas ao trabalho servil desde o período escravocrata. Os fatores gênero e raça podem ser considerados os principais a colocarem e manterem na posição de empregadas domésticas. A maior problemática dessa realidade é que não há opções de escolhas para essas mulheres. 

Lélia Gonzalez no artigo intitulado: Racismo e sexismo no Brasil - obra de referência para entender o lugar da mulher negra na sociedade brasileira - explica que a “quanto à doméstica, ela nada mais é que a mucamba permitida, a da prestação de bens e serviços, ou seja, o burro de carga que carrega sua família e a dos outros nas costas”.

Eu, mulher negra filha, sobrinha, neta de mulheres negras trabalhadoras domésticas também exerci esse ofício para me manter na universidade escrevo para denunciar as práticas irresponsáveis e fatais que são colocadas as trabalhadoras domésticas neste momento em que todos precisam se manter em quarentena. Com casos de contaminação local do novo coronavírus de empregadores para empregadas confirmados no Brasil e não há nenhuma posição política para a proteção dessas profissionais especificamente. 

A rotina de trabalho das empregadas domésticas é em sua maioria desumana, mesmo com a PEC das Domésticas que é a Emenda Constitucional 72, de 2013 estabeleceu alguns direitos como o recebimento de um salário mínimo ao mês, jornada de trabalho de oito horas diárias e 44 semanais e hora extra. No entanto, a realidade é dura e miserável.

O mito da democracia racial que coloca na boca dos empregadoras a famosa frase “ela é quase da família”, porém, no contexto atual de saúde pública, em meio a pandemia do coronavírus, essas mulheres são colocadas na condição de escolher entre seus empregos, sua vida e de suas famílias. 

* Bibliotecária e doutoranda em Ciência da Informação pela UFPB

Edição: Monyse Ravena