Com o tema “Pela Vida das Mulheres contra o Fascismo, Machismo, Racismo e LBTfobia”, 10 mil mulheres ocuparam as ruas da orla de Fortaleza (CE), neste 8 de março. As atividades começaram no início da tarde no Centro Dragão do Mar, onde aconteceram rodas de conversa, oficinas e apresentações culturais. Por volta das 17h o cortejo ganhou as ruas, com batucada unificada e milhares de mulheres denunciando os diversos tipos de violência sofridas em seu cotidiano.
Bruna Raquel é militante da Pastoral da Juventude e da Consulta Popular, segundo ela “acredito que o sagrado se manifesta nas lutas e resistência das mulheres e por isso estou aqui”. Ela aponta ainda que a PJ tem uma Campanha Nacional de enfrentamento do ciclo de violência contra a mulher “a luta contra a violência é uma pauta permanente”.
Rita Ferreira é bancária e afirma que a desigualdade é muito presente no cotidiano do trabalho em bancos. "Nos bancos a minoria das mulheres estão na gestão e são a maioria da categoria, isso é absurdo." Rita diz que veio ao #8M porque acredita que a luta se faz na rua. "Precisamos dizer: eu existo, eu sou, eu produzo e posso ser o que eu quiser. A gente luta por igualdade em toda a sociedade, mas especialmente em nosso ambiente de trabalho”.
Lídia Rodrigues é integrante do Fórum Cearense de Mulheres e do Tambores de Safo e conta que o tema do #8M este ano resultou de uma análise de contexto tendo como evidências o aumento das taxas de feminicídios no Ceará, também o momento histórico em que o fascismo volta a mostrar suas garras. O tema também apresenta o enfrentamento ao machismo como defesa da vida das mulheres; reconhece que as mulheres negras são mais afetadas e de formas mais cruéis e alerta também para o índice de recrudescimento da violência contra LBTs. Lídia ainda apontou a importância da construção unitária do ato “a construção da unidade é muito importante pelo ato em si e por todo o processo de construção que é muito enriquecedor. Construindo a unidade estamos indo na contramão do que o sistema quer de nós, eles querem desunião e nós nos justamos para destruir o fascismo”
Taynara Araújo é historiadora e integrante da Associação Nacional de Pós Graduandos, falando sobre a luta das mulheres na universidade ela conta que "existe sim preconceito acadêmico. As mulheres ainda não tem acesso completo à universidade e quando chegam, estão em postos de cuidado, como as licenciaturas, com salários baixos. As licenciaturas também tem baixos salários porque atendem em sua maioria a mulheres. Na ANPG recebemos muitas denúncias de alunas assediadas por professores, ainda estamos em uma lógica patriarcal em sala de aula e com pouca representatividade das mulheres. Eu estou aqui hoje porque acredito em outra sociedade, como historiadora vejo que as mulheres estão lutando há milênios e acredito em uma mudança profunda”.
Edição: Vanessa Gonzaga