A violência contra a mulher é uma realidade que atinge um grande número de mulheres. É um fenômeno histórico, tratado como natural, inerente à condição humana, sendo bastante banalizado. No entanto, a erradicação da violência generalizada exige o fim da violência contra a mulher que deve ser tratada como uma questão social.
Em suas múltiplas faces, a violência contra a mulher pode ser simbólica, moral, patrimonial, sexual ou física é uma grave violação de direitos humanos, um padrão de comportamento abusivo, utilizado para estabelecer poder e controle, um fenômeno histórico, cultural, sustentado socialmente.
Este tipo de violência consiste em um problema social que se encontra entrelaçado aos estudos de gênero, raça/etnia, classes sociais e patriarcado, uma vez que a história das pessoas resulta das suas relações, isto é, os sujeitos coletivos e individuais são construídos a partir de experiências que remetem à condição da classe social.
A partir deste entendimento é necessário, portanto, reconhecer que a violência contra a mulher é parte de relações de dominação-exploração, ou seja, possui uma dimensão estrutural na sociedade de classes, por isso, torna-se fundamental a articulação do gênero com a classe e a raça.
Pensar na historia da opressão vivenciada, secularmente, pelas mulheres deve-se remeter ao patriarcado e seu caráter histórico que se sustenta em relações de dominação e submissão, por isso, o sistema capitalista se apropriou e acolheu reforçando não somente as desigualdades de gênero entre homens e mulheres, bem como entre elas e entre eles, operando em consonância com outras formas de produzir desigualdade.
Vale destacar que o termo gênero, associado ao conceito de patriarcado, indica que a condição da mulher não está determinada pela natureza, pela biologia, ou pelo sexo, é decorrente de uma relação social e política que, na ordem patriarcal, cria polos de dominação e submissão. Apesar da luta das mulheres estarem profundamente comprometidas com a luta contra o patriarcado, esbarram no limite de sua classe, pois certas mudanças só podem ser efetuadas junto com a mudança de estrutura da sociedade que passa pela construção da emancipação humana, ou seja, uma mudança que perpassa pela construção de um novo homem e uma nova mulher levando a uma superação das classes.
Assim, compreendemos que a luta pela igualdade social entre homens e mulheres precisa ser situada junto à totalidade das relações sociais envolvendo todos os sujeitos afetados pela ofensiva do capital, cujo princípio básico é a desigualdade e a exploração.
Edição: Monyse Ravena