Estamos vivendo um dos tempos mais difíceis da humanidade, tempo de grande disseminação de ódio, notícias falsas, aumento da violência, desemprego e desvalorização da vida, dos sonhos e da esperança. Temos um presidente porta voz da violência, do racismo e preconceitos com o povo brasileiro em especial com os mais pobres.
O povo brasileiro na sua história carrega seus traços de sofrimento, resistência e de alegria e busca sempre na criatividade, e inovação diante de momento difícil se reinventar e nunca deixar a chama da esperança, do novo, da alegria se apagar. Por isso qualquer oportunidade que povo tem de festejar e celebrar a vida, o povo o faz.
Estamos chegando na época do calendário brasileiro que tem a maior festa popular, o carnaval que tem suas raízes nas festas antigas do mundo e onde celebramos dias de muita alegria, de libertação, de rompimento com o cotidiano do povo. O carnaval é renovação dos sonhos, da chama da felicidade e confraternização de um povo sofrido que vê no carnaval a oportunidade de ocupar e colocar na rua seus blocos, batuques , marchinhas, danças e fantasias cheia de cores que representa o desejo de viver e alegria de um povo que mesmo no tempos difíceis, a resistência e a esperança continuam firme animando os corações.
A maior festa popular também é espaço de anúncio e denúncia dessa gente que traz nas fantasias mensagens carregadas de esperanças e amor, e também nos sambas enredos das escolas que desfilam trazendo a alegria dos morros e comunidades, assim como denunciando ao mundo as mazelas do Brasil.
Esse ano de 2020 a escola de samba carioca Estação Primeira de Mangueira apresenta um samba enredo carregado de reflexões e crítica à atual situação do país. ”Nasci de peito aberto , de punho cerrado, meu pai carpinteiro desempregado, minha mãe é Maria das dores Brasil, enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira, me encontro no amor que não encontra fronteira procuro por mim nas fileiras contra a opressão e no olhar da porta – bandeira por seu pavilhão”, apresenta a figura de Jesus nascido no morro, onde vive o povo oprimido e exterminado diariamente pela sistema desigual que mais rouba as oportunidades e a vida da mulher, do negro, e do pobre esquecido.
Vamos celebrar a festa popular com respeito e amor, assim dizia o saudoso Dom Helder Câmara: vamos brincar o carnaval porque na quarta-feira de cinzas a luta recomeça.
Edição: Monyse Ravena