Na manhã do último dia 9, em nota à imprensa local, Francimones Rolim de Albuquerque anunciou sua exoneração do cargo de chefia da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) de Juazeiro do Norte. Entre os muitos motivos expressos, a falta de condições de trabalho foi o estopim para sua saída do setor. A exoneração da secretária de saúde marca mais um episódio na crise que a saúde de Juazeiro do Norte vem enfrentando.
Saúde sem investimento
Segundo a ex-secretária, a gestão do município não destina o mínimo de 15% da receita para a saúde, descumprindo o estabelecido na Lei Complementar número 141/2012 que regulamenta os limites para aplicação de recursos em saúde pública. “Na verdade, tirei leite de pedra, pois manter os serviços de assistência à saúde sem o investimento mínimo necessários, sem condições de trabalho, fica humanamente e administrativamente impossível conduzir a responsabilidade sanitária para uma população de quase 300 mil habitantes.” relata um trecho da nota escrita por Francimones. Ela ainda acusa a gestão municipal de improbidade que, segundo ela, “deixou de investir mais de sete milhões de reais até o mês de agosto em saúde”.
A prefeitura de Juazeiro do Norte, em nota publicada em seu site oficial, informou que a decisão da saída da secretária “foi unilateral” e que “não era de conhecimento do Chefe do Executivo (Arnon Bezerra), que foi pego de surpresa diante da notícia.” A exoneração de Francimones já consta no Diário Oficial do Município, com uma nova nomeação para o cargo da SESAU.
Demissões
Apenas uma semana antes, no dia 4 o Sindicato dos Médicos do Ceará publicou uma notícia sobre a demissão em massa de médicos lotados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Juazeiro do Norte. Segundo a matéria, os médicos estariam com salários atrasados e sem reajuste a mais de sete anos. “Há um ano, o Sindicato dos Médicos media a situação, mas a Prefeitura descumpre os acordos e não comparece a audiências marcadas pelo Ministério Público. É um verdadeiro desrespeito com os profissionais, entidades públicas e, principalmente, com a população. Parece inacreditável que o prefeito seja médico e não tenha a saúde como prioridade em sua gestão” diz a notícia.
Sendo a única UPA da cidade, a unidade tem de atender as demandas do SAMU, além do atendimento de emergência para a população, que chega a ser de mais de 300 mil habitantes, chegando por vezes a um milhão de pessoas nas épocas de romarias. Entre as reivindicações dos médicos estão o reajuste salarial e a manutenção de um médico plantonista extra para completar a escala de plantões com ocorrência de superlotação.
Edição: Monyse Ravena