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Por que ocupar uma Unidade de Saúde abandonada?

Manifestantes cobraram melhorias na saúde pública em bairro de Juazeiro do Norte (CE)

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE) |
Manifestantes em frente a UBS Eduardo Grangeiro Fernandes, no bairro Frei Damião
Manifestantes em frente a UBS Eduardo Grangeiro Fernandes, no bairro Frei Damião - Rodolfo Santana

No último fim de semana, entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro, o prédio onde deveria funcionar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro Frei Damião em Juazeiro do Norte (CE) foi ocupada pelo Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) em coletivo com vários movimentos populares e pastorais, além de lideranças comunitárias do bairro. Reivindicando melhorias na saúde pública da população daquele território, os manifestantes promoveram ações solidárias como a revitalização do espaço da UBS, com limpeza coletiva e trabalhos de conscientização sobre a importância da unidade.
De acordo com José Rafael, integrante do MTD, o próprio bairro Frei Damião foi fruto de uma grande ocupação na década de 1990, na altura cerca de cinco mil famílias se organizaram para ocupar seu local de moradia. Hoje o Frei Damião é o segundo maior bairro de Juazeiro do Norte e conta com um histórico de obras inacabadas ou abandonadas pelo poder público. “Fizemos essa ocupação pela saúde e para mostrar para o poder público que a população do bairro já está cansada de tanta obra inacabada”, explica Rafael.

Abandono
“Essa UBS está a quatro anos sem funcionamento aqui no bairro. Pessoas faleceram clamando por isso aqui.” relatou Maria Martins, moradora do bairro e integrante da Pastoral da AIDS. A UBS encontra-se embargada pela justiça, por faltas de responsabilidade por parte da empresa encarregada da construção da unidade. “Estamos aqui com essa obra embargada pela justiça e até agora não vimos nenhuma preocupação em recuperar essa obra e entregá-la com qualidade para a nossa comunidade”, falou Leonardo Henrique, morador do bairro e membro da Pastoral da Comunicação.  Dada a repercussão da ocupação, representantes da gestão do município estiveram no local em conversa com os manifestantes. A secretária de saúde, Francimones Rolim, se comprometeu em agilizar o processo de implantação da UBS. 
Em nota, a prefeitura reforçou a necessidade de se concluir a entrega da unidade. “A gestão municipal vem empreendendo esforços junto aos órgãos competentes para que sejam solucionadas essas irregularidades e para que a empresa possa concluir o prédio. Já foi realizado o replanilhamento da obra para avaliação da equipe de engenharia da Secretaria da Saúde e análise do orçamento disponível.” informa um trecho da nota. 

Luta pela saúde
Os manifestantes permaneceram no local da ocupação durante três dias, promovendo diversas atividades solidárias e ações sociais. Durante a manhã do sábado foi feita a limpeza do local da UBS que se encontrava em avançado estágio de deterioração. Pela noite, aconteceu uma vigília. A ocupação seguiu até a tarde de domingo, quando o prefeito Arnon Bezerra esteve no local. Na ocasião, o mesmo disse que irá comparecer em uma audiência pública a ser realizada ainda essa semana para discutir as questões levadas pelos manifestantes na ocupação. 
 

Edição: Monyse Ravena