Esperançar. O verbo que se fez no último dia nas ruas de Fortaleza e de todo o Brasil veio de Paulo Freire. Foi se fazendo junto com as bandeiras e muitos cartazes feitos de cartolina e pincel. A praça da Bandeira, no centro da capital cearense se tornou plural, bandeiras e mais bandeiras alastradas ao vento, pessoas que foram se aglomerando rapidamente com o desejo pulsante de colocar na rua uma voz com traquejo popular e que não está disposta a abrir mão da educação pública - e muito menos do sonho da democracia.
Ali nas escadarias da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), que já presenciou tantos movimentos, parece que a balbúrdia fervilhou e tomou ousadia. Desceu as escadas e dobrou uma esquina. Decidiu que a aula seria na rua e botou seu corpo alegre e vibrante para mostrar que se resiste é com fervor. E foi assim, descendo a rua e juntando mais gente. Os estudantes de um grande colégio particular se empurravam numa grade para ver a manifestação passar com gosto de quem queria ir, mas não conseguia passar.
E nem encumpridando os olhos se podia ver onde terminava aquela torrente de esperança. E o destino final fez da avenida, de fato, uma grande universidade. Plural, sem muros, cancelas, barreiras e cheia de vida. Esperançar é juntar-se. Que o próximo dia 30 seja novamente dia de se conjugar o verbo esperançar nas ruas.
Edição: Monyse Ravena