Ceará

Lançamento

Atlas dos Sistemas Alimentares do Cone Sul apresenta um diagnóstico da crise alimentar, mas também aponta alternativas para sua superação

O Atlas também está disponível em formado virtual.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
O objetivo do Atlas é produzir um diagnóstico da crise alimentar, mas também apontar alternativas para sua superação a partir de uma abordagem do sistema alimentar. - Foto: Assessoria da Primeira-Dama do Ceará, Lia Freitas

O Atlas dos Sistemas Alimentares do Cone Sul foi lançado na última quarta-feira (19), em evento realizado no Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, localizado na rua Paulo Firmeza, 445 - São João do Tauape, em Fortaleza. A atividade contou com a participação de representações do governo federal, do governo estadual e de movimentos populares. A ação também marcou o início do Curso de Formação de Formadores de Agentes Populares da Alimentação Nordeste. O evento foi organizado pela Fundação Rosa Luxemburgo, pelo Movimento Brasil Popular, pela Escola Nacional Paulo Freire (ENPF), pela Fiocruz e outros movimentos populares parceiros.

Jorge Pereira Filho, coordenador da Fundação Rosa Luxemburgo, e um dos organizadores da publicação, ao lado de Patrícia Lizárraga, explica que o Atlas foi um projeto gestado pela Fundação Rosa Luxemburgo, em parceira com movimentos populares do campo e da cidade em cinco países: Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. O objetivo do Atlas, de acordo com Jorge, é produzir um diagnóstico da crise alimentar, mas também apontar alternativas para sua superação a partir de uma abordagem do sistema alimentar. “O Atlas procura discutir como a crise alimentar está relacionada com outras crises do modelo capitalista hoje, a concentração de renda, o aquecimento global, o avanço das guerras como o genocídio contra o povo palestino. Trata-se de um modelo de produção, circulação e distribuição de alimentos que produz fome e gera riqueza para um pequeno grupo, apropriando-se de recursos naturais e financiado pelo Estado.”

Jorge explica que Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai possuem condições propícias para alimentar seu povo, mas o modelo que prevalece é o de um sistema alimentar corporativo, que não garante direito a uma alimentação digna e saudável.

“Na segunda parte do Atlas discutimos experiências e práticas que constroem outro modelo, outro sistema alimentar. A base desse outro modelo é a produção familiar camponesa e a organização popular e discutimos também como o Estado pode apoiar essas ações com uma série de medidas, como a reforma agrária, o apoio à agroecologia, à agricultura urbana, sacolões populares, cozinhas populares, entre outros. Ações como a dos Agentes Populares são fundamentais para que esse novo modelo seja construído, discutindo com a população não só boas práticas alimentares, mas também as causas da fome”, afirma Jorge.

Você também pode acessar o Atlas de forma online clicando aqui.

Sobre o Curso Agentes Populares da Alimentação Nordeste

Luiza Troccoli, coordenadora da Escola Nacional Paulo Freire e da direção nacional do Movimento Brasil Popular explica que o curso, que é de formação de formadores de agentes populares, é uma estratégia de enraizamento e de multiplicação da metodologia dos agentes populares que vem sendo desenvolvida desde a pandemia. “Naquele período, os movimentos populares, como Movimento Brasil Popular, Levante Popular da Juventude, MST, MPA, MMC, MAM e outros criaram a Campanha Periferia Viva, uma campanha nacional de solidariedade que atuou independente do governo e contra negacionismo científico do governo. Distribuímos alimentos, informações verdadeiras e estimulamos a vacinação. Iniciamos com a centralidade no tema da saúde e rapidamente emergiram outros temas, em especial do combate à fome. E hoje a metodologia tem contribuído para estruturação das cozinhas solidárias e tem sido inspiração para a construção de políticas públicas”.

De acordo com Luiza, esse é um curso de imersão metodológica e serão abordados temas como educação popular e trabalho de base, fome e soberania alimentar, trabalho comunitário, como organizar cozinhas populares e como sistematizar experiências. Participarão do curso militantes de todos os estados do Nordeste que foram indicações pelos seus movimentos e já assumiram um compromisso com a multiplicação do curso nos seus estados.

O curso está sendo realizado pela Escola Nacional Paulo Freire, Movimento Brasil Popular, Fiocruz e Fundação Rosa Luxemburgo e acontece no Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, de 19 a 23 de junho.

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Edição: Camila Garcia